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          Marcos 16:15
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Marcos 16:15
Falta de empatia: a doença do mundo
Postado em 02/Setembro/2020
Talvez uma das palavras mais utilizadas no contexto atual do mundo em que uma pandemia provocou profundas mudanças em nossas rotinas e grandes prejuízos às populações. A empatia está “em alta”. O dicionário Michaelis apresenta, em sua versão on-line, as seguintes definições para a palavra: “habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa”, “compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem”. Dessas duas concepções, compreende-se o porquê de se falar tanto em empatia: é uma habilidade essencial que precisamos desenvolver, em especial em um momento em que tantas pessoas estão sofrendo pelos mais diversos motivos. Mas como colocar a empatia em prática sem ficar apenas no discurso?
Por um mundo de empatia
Sabe aqueles dias em que você não está bem, ou quando você analisa a sua vida e percebe que as coisas não estão nem um pingo do jeito que você gostaria? Ou, ainda, quando acontece algo que tira o nosso chão e nos deixa sem rumo? Nesses momentos, a tristeza é inevitável, assim como o sentimento de impotência diante da vida, de tal maneira que a chama que nos mantém firmes enfraquece. Precisamos, então, de pessoas capazes de se colocar no nosso lugar e, de algum modo, sentir a nossa dor. Ou seja, precisaremos da empatia dos que nos cercam, para que percebamos que não estamos sozinhos e que, por mais dolorosa que seja a caminhada, chegaremos ao final.
Em uma sociedade tão individualista e egoísta como a nossa, torna-se extremamente difícil encontrar pessoas empáticas. Cada um pensa na sua satisfação pessoal e na resolução dos problemas que unicamente o incomodam, de forma que não há um olhar contemplativo em relação ao todo, para que possamos enxergar que a vida não se circunscreve apenas à nossa existência e que as outras pessoas também têm problemas e dores, já que são seres humanos como nós também somos.
Dessa forma, para que se possa ter empatia, antes é necessário fugir do senso comum, que prega apenas valores individualistas voltados para o próprio umbigo. Em outras palavras, jamais conseguiremos possuir empatia se o nosso mundo se circunscrever somente a nós, de modo que o outro seja algo totalmente inóspito e sem as mesmas constituições emocionais que as nossas.
Para ter empatia, é indubitável que o indivíduo permita ser tocado por um dor que não é sua e esteja aberto àquele novo mundo à sua frente. É preciso permitir ter as suas veias e artérias invadidas por um corpo estranho, com pensamentos diferentes dos seus, problemas diferentes dos seus e monstros diferentes dos seus. É preciso estar aberto a um ser que, mesmo diferente, precisa de um olhar e de um afago que o faça sentir que não está atravessando aquela tormenta sozinho.
No entanto, em uma sociedade em que o egoísmo predomina, é difícil encontrar pessoas que realmente possuem a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Pessoas que vão além da simpatia, que é importante, mas não supre de modo algum a falta da empatia. Quando estamos tristes, não precisamos apenas de alguém que só saiba contar piadas e nos queira levar pra sair. Precisamos de alguém que entenda a nossa dor, que respeite o nosso luto e que demonstre que, apesar de incômoda, aquela é uma situação que faz parte da vida e que devemos enfrentá-la, por mais que seja difícil.
Precisamos de pessoas que sejam capazes de também mostrar a suas feridas, revelar os seus medos e confessar as suas fraquezas, para que percebamos que não somos os únicos que choramos e, às vezes, temos vontade de desistir. Não se trata de provocar “felicidade” em função de uma tristeza alheia, mas de demonstrar a humanidade que há em nós, que faz coisas belas e grandiosas e também tem fraquezas, dores e angústias. Isto é, demonstrar que todos nós caímos e precisamos de ajuda e que a dor, que agora sentimos, outros já sentiram e sentem, de modo que não há motivo para desespero, pois o fardo que parece insuportável, outros já suportaram, bem como não é necessário carregá-lo sozinho, pois há alguém para dividir esse fardo e ajudá-lo a sair dessa situação.
Assim, ter empatia é ter o coração aberto para outra vida que precisa de nós naquele momento. É saber que, naquele lugar, poderia ser eu, você ou qualquer um. É ter a sensibilidade para perceber que não é porque uma determinada situação não mexe conosco, que não mexe com o outro; que não é porque algo não aperta o nosso peito, que o outro não possa sentir o seu peito esmagado.
Ter empatia é entender que as pessoas são diferentes, sofrem por coisas diferentes, reagem às situações internas e externas de modo diferente, mas que, acima de tudo, são seres humanos que, em meio a divergências, fazem a mesma coisa: sentem. E, assim, precisam ser ouvidas, compreendidas e acarinhadas, pois o que há de mais nobre na empatia é essa capacidade de sentir uma dor que talvez jamais nos incomodasse, mas que nos incomoda pelo outro, em razão do outro e por isso é, ao mesmo tempo, tão pesada e bela e faz com que sintamos o âmago de outro ser ecoando dentro de nós.
Como diz Kundera: “Não existe nada mais pesado que a compaixão. Mesmo nossa própria dor não é tão pesada quanto a dor co-sentida com outro, por outro, no lugar de outro, multiplicada pela imaginação, prolongada por centenas de ecos.”
Falta de empatia
Sem empatia há corruptos, traidores, violentos, assassinos, aproveitadores, charlatões, enrolões, abusadores, perversos, impacientes, intolerantes, presunçosos, folgados, procrastinadores, indiferentes.
Sem empatia, há contratos quebrados, acordos não cumpridos, identidades roubadas, lares destruídos, milhões desviados, trabalhos mal feitos, filas cortadas, favorecimentos ilícitos, chutes nos carros, cortadas no trânsito.
Sem empatia, alguns acreditam ser mais merecedores que outros e, portanto, se dão à comodidade de serem cegos, surdos e mudos para qualquer necessidade que não seja a sua própria. Sem empatia há o “venha a nós, mas ao vosso reino, NADA”.
A falta de empatia é o câncer do mundo, mas sua presença, a cura dele.
Falta de empatia na igreja
A nossa igreja parece estar cheia de pessoas simpáticas e pouco empáticas. Receber alguém na minha igreja com um sorriso e a paz do Senhor é ser simpático, o que é muito legal, mas ir à rua, ouvir as pessoas, entender o que elas vivem e sentem é ser empático, o que é melhor ainda.
Um evangelho vivido apenas de púlpito não me parece empático. Ele dita apenas as regras para você se enquadrar no time. Já o evangelho vivido no trabalho, na faculdade, na vizinhança pode se tornar empático, pois as chances são maiores de entender o dilemas vivido pelas pessoas em seu contexto social. A palavra empatia não está na Bíblia, mas ser empático é ser misericordioso, e feliz é aquele que tem misericórdia, pois serão também tratados com misericórdia. Vejamos estes dois pensamentos de Ellen G. White:
"Aprendam acerca das necessidades dos outros! Esse conhecimento desperta empatia, que é a base para um ministério eficaz. Ao tentarem aprender acerca das tremendas necessidades das pessoas... vocês tornar-se-ão menos egocêntricos e mais capazes de simpatizar com a situação desesperada de milhões" (Um Convite à Diferença, p. 91).
"Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. Alguns dentre nossos amigos nada sabem da miséria humana e da dor física. Nunca ficam doentes, e portanto não podem penetrar plenamente nos sentimentos daqueles que se acham doentes. Jesus, porém, Se comove com o sentimento de nossa enfermidade. Ele é o grande missionário médico. Tomou sobre Si a humanidade e colocou-Se à cabeceira de uma nova dispensação, a fim de que possa reconciliar justiça e compaixão" (Manuscrito 19, 1892).
Através de Seu exemplo amoroso, Jesus nos ensina a ter empatia.
Vida Saudável